quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eleições

Assistindo ontem à estréia do programa eleitoral gratuito fiquei penalizado. Sim, fiquei com pena de ter que votar em apenas um candidato dentre os que disputam a presidência. Afinal, são todos tão inteligentes, aparecem tão bem maquiados e tão bem intencionados na TV que dá dó ter que desprezar qualquer um deles.

Cada qual mostrando a sua trajetória de vida, nascidos em famílias humildes, batalharam muito para conquistar estudo e posição na vida.

E o que dizer da militância deles? Meu Deus! São currículos de fazer inveja a São Francisco de Assis, tamanha a sua dedicação aos pobres e desvalidos da sociedade, sua luta por um país mais justo, com melhores condições de vida para todos os brasileiros.

Assistindo ao programa eleitoral dá mesmo pra se ter a nítida impressão de que todos, sem exceção, nasceram predestinados a ser presidente (ou presidenta) da nossa amada e idolatrada república.

Não há um deles que não apareça beijando criancinhas pobres, abraçando velhos moribundos ou comendo um pastelzinho no mercadão popular. A gente fica mesmo emocionado de ver como o futuro do nosso país está assegurado com tanta gente boa assim querendo governá-lo.

E os discursos. Memoráveis!

“Vamos melhorar a saúde, investir na educação dos nossos jovens, reajustar o salário mínimo acima da inflação, acabar com os pedágios, reduzir os impostos, melhorar a segurança pública etc...etc...etc.”

Dos três candidatos rotulados pela mídia como “principais”, dois tiveram seus partidos por oito anos à frente da presidência, sendo que ambos foram ministros em seus respectivos governos. Ou seja, tiveram participação ativa. Dessa experiência toda nasceu a cansativa cantilena do “nós fizemos isso, eles deixaram de fazer aquilo”.

Nos telejornais da TV aberta, tenho acompanhado matérias que esboçam um interessante raio-x do Brasil, como é típico nessas épocas eleitorais. Vou ressaltar aqui o que me restou na memória da enxurrada de informações que as emissoras despejaram em minha mente:

· 53% é a carga de tributos que está embutida no preço da gasolina;

· 44% dos municípios de Goiás não têm sequer uma unidade de pronto atendimento de saúde;

· O governo brasileiro arrecadou em julho/2010 o montante de 67,973 bilhões de reais;

· O mesmo governo aplica em saúde menos de 2% do PIB.

Resta agora algum dos(as) nobres candidatos(as) colocar de vez as cartas na mesa sobre seus planos para erradicar definitivamente um mal que envergonha o Brasil perante o mundo inteiro: a carga tributária que rouba o cidadão de bem e deposita nas mãos de milhares de administradores desonestos ou incompetentes o seu suado dinheiro.

Teremos que descobrir, entre esses sorrisinhos e essas juras de boas intenções, qual deles está mesmo disposto a realizar as mudanças estruturais que nosso país necessita para alcançar desenvolvimento com um mínimo de justiça social.

Um comentário:

  1. O que é uma propaganda senão imagens, idéias a serem repassadas(dispostas a enganar, a iludir, a desnortear, a convencer, a persuadir[ no final a mesma coisa]) alguém que tente encontrar a verdade entre isso tudo, entre tantas ações de bondade mostradas de repente, será que há? Eu prefiro não buscar tantas explicações, vamos votar não é?!?!
    Um abraço Ronaldo! Ótima reflexão!

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