domingo, 28 de agosto de 2016

Desenhador de letras

Sinto imensa saudade
de desenhar letras.
O teclado prático do computador
não me deixa mais fazê-lo.

Quase me esqueci
da graça das vogais
da versatilidade das consoantes.

Ah, a maciez do caderno!
O cheirinho de papel novo!
As sílabas surgindo
De movimentos bem calculados.

Nunca gostei de letra feia.
Escrevia sempre com esmero,
contendo a pressa que
as ideias reclamam.

Ideias tendem a atropelar a mão.
Talvez por que elas é que sejam
verdadeiramente importantes e urgentes.

Bendita seja a escrita que,
no enfileirar das letras
estende um tapete vermelho

para o desfile do ideário.