domingo, 28 de agosto de 2011

Versos cheios

Pobre homem
este que adentra meu quarto
arrastando chinelos e angústias
e cujo silêncio tornou-se comum.

Sufocados seus amores,
estancadas injustas lágrimas,
senta-se à velha escrivaninha
à espera de um verso que lave sua alma.

Pobre homem, à beira dos quarenta,
um coração de velho batendo no peito.
Mas ele não se lembra bem
deter vivido sonhos de criança.

Recorda-se somente de ter vivido meses
na casa da felicidade,
de onde saiu aflito, pisando duro,
e deixando alguém a chorar.

Pobre homem mudo
a quem a vida parece grande demais.
Onde estão seus amigos?
Seus amores, cadê?

Pobre homem de versos cheios
e vida vazia.

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