quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cronologia de uma enfermidade

Na sexta-feira pela manhã, ao começar o expediente no escritório, percebi que havia algo de errado comigo. Uma dor de cabeça chatinha começava a incomodar e dores musculares pipocavam pelo corpo todo. Além disso, tinha início um desânimo fora do comum pra quem havia tido uma excelente noite de sono. Comecei a bocejar repetidamente.
Saquei da gaveta de minha mesa a cartela de dipirona que sempre me salva nessas horas. Tenho absoluta confiança na eficácia da dipirona, ela tem sido minha salvaguarda quando a dor de cabeça começa a perturbar meu dia de trabalho ou mesmo quando ameaça meu lazer.
Só que, desta vez, nada.
O quadro geral piorava e eu trabalhava só pensando no franguinho caipira com arroz, combinado com os companheiros do truco para a sexta a noite. Combinado com uma semana de antecedência, diga-se de passagem. Eu só conseguia pensar no seguinte: "aconteça o que acontecer, vou jogar meu truquinho com os amigos e comer o franguinho preparado pela tia Almeirinda".
No fim da tarde, ao chegar do trabalho, mais dipirona, dessa vez em gotas. Um pouco aliviado, parti para meu compromisso tão esperado.
Foi divertido. Jogamos até por volta das 21:30, quando o jantar foi servido. A Rita e o Rafael jantaram conosco.
O jantar estava maravilhoso, mas logo que voltamos para a mesa de truco, percebi que os sintomas do dia todo voltavam com força, acompanhados de febre. Também notei que a digestão seria meio complicada.
"Dane-se!", pensei. "Vou pra casa, tomo mais umas gotas de dipirona, deito-me e amanhecerei novinho em folha".
Minha irmã estava chegando de viagem pra passar o feriado conosco e nada haveria de estragar a reunião em família.
Ledo engano.
Passei o sábado "de arrasto", como se costuma dizer. Um Dorflex aqui, uma dipirona ali... tentando ser forte. Mas as dores eram horríveis. A febre surgia de repente, assustadora. Durante o tradicional truco do sábado à tarde, na casa de meus pais, foi difícil manter-me aplicado ao jogo. Um desânimo descabido assolava-me, a dor no corpo todo minava-me as forças e a cabeça doía inexoravelmente, ignorando o poder soberano da dipirona.
O último compromisso da noite seria um churrasquinho em Ribeirão Corrente, cidade vizinha onde mora meu irmão. Lá cheguei por volta das vinte e duas horas, um tanto aliviado por uma dose mais exagerada de remédio.
Comemos alguma coisinha, nada de cerveja. Logo retornamos a Franca.
No domingo tentei ignorar o mal estar. A Rita e eu nos levantamos tarde, buscamos o Rafa, que havia dormido na casa da avó, e fomos passear um pouco. Almoçamos no shopping e, de volta pra casa, mais remédio pra contornar a dor.
Amanheci a segunda-feira já pensando no retorno ao escritório, na terça. Eu completaria um ano de trabalho lá. Gosto dessas datas, acho-as significativas. Fomos almoçar na casa dos meus pais, e nos despedir da Jú, que voltaria pra Brasilia logo após o almoço.
Antes de sair, minha irmã me disse a mesma coisa que a Rita já vinha dizendo: "Vai ao plantão do hospital, afinal você paga plano de saúde. Não tem sentido ficar sofrendo sem saber o que tem!".
Convencido, me dirigi ao Hospital Regional. Estava péssimo. A cabeça doía demais, o corpo só pedia repouso e a febre oscilava.
O médico que me atendeu pediu que eu coletasse urina e sangue pra exames. Duas horas depois, o Dr. Rubens Pereira dos Santos, infectologista e clínico geral, com o resultado de meus exames em mãos, deu-me a notícia: "O quadro é de dengue. As alterações nos exames e o conjunto dos sintomas são característicos da doença."
Recomendou-me repouso e prescreveu remédios que aliviem os sintomas.
Resultado, comemorei em casa meu aniversário de um ano como funcionário do escritório. E agora estou aqui, arrastando chinelo dentro de casa, esperando esse maldito vírus sair de minha vida.

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