sábado, 31 de janeiro de 2015

Entrelinhas


Em todas as palavras
Há um silêncio
Um não-lido,
Um não-escrito

Um não-gritado
Que aos poucos
A poesia extravasa
Em forma melódica
Às vezes tórrida.

Em todo gesto
Há um não-demonstrado
Um “tente adivinhar!”
Um “decifra-me ou te ignoro”

A beleza de certas coisas
Nasce do não dito
Do não expresso,
Que parece feio ou grosseiro.

Aí é que entra a poesia
Cantando o que nunca se diz
Melodiando  o que jamais se explica
Revirando as vísceras das entrelinhas.

É isso o que me faz
Amar a poesia.
É isso o que me motiva
A não desistir dela:

Gritar as entrelinhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário