segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Minutos de Vida

Durante alguns minutos eternos,
pousei o olhar sobre os desenhos
curiosos do meu cobertor.

As paredes opacas do quarto
desejaram desabar sobre meu corpo
por que não pendurei nelas
nenhum quadro ou fotografia

Eu bem queria ter pendurado
um espelho daqueles de corpo inteiro.
Mas concluí que não suportaria
olhar-me morrendo dia após dia.

Algumas rugas nascendo,
uns indícios de cabelos brancos
e a constatação dolorida de que
estou vendendo meus anos bem barato.

Essa vida não é senão um morrer cotidiano,
lento e gradual, civilizado e heroico.
Um morrer lento e irreversível.

Onde o amor, onde o viço de outrora?
Cadê os sonhos, os ideais?
O vento voluptuoso da paixão, quando findou?

Que dor imbecil essa, de não poder girar
ao contrário a roda do tempo.
Meu rosto de moço era liso
e as lágrimas que nele escorriam
tinham razões tão tolas!

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