Certo dia
chegará
em que,
tateando as paredes nuas
da sombria mansarda
do em que vives,
tua mão não
se deparará mais com a minha.
Um calafrio
inédito percorrerá teu corpo
ao te dares
conta de que não estarei sempre ali,
conforme
houvera te prometido tantas vezes,
quando eu
inda cria que seríamos um do outro pelos séculos.
As pontas
dos teus dedos finos
procurarão desesperadamente
enlaçar-se nos meus,
que terão se
ausentado definitivamente.
E ficarás
perdida nos labirintos que criastes para si.
Nesta hora,
se te sobrar um lampejo de lucidez,
refletirás e
concluirás que, em verdade, jamais estivemos juntos,
embora
andássemos em paralelo.
Sempre
estivemos distantes, por opção de um de nós, que não eu.
E perceberás
que, pouco a pouco, fizestes escolhas.
E que estas
escolhas é que me privaram da tua vida.
E nos
colocaram falando palavras dóceis,
de costas um
para o outro.
Eu estarei
longe, nesta hora.
Provavelmente
chorando a desdita
de ter
estacionado a minha vida
aguardando
que me alcançasses pelo caminho.
Estarei
apavorado, por certo, como estou agora.
Pois terei
tomado consciência
de que o
amor que a ti me manteve ligado
era canção
de uma nota só, melancólica e lúgubre.
Não mais
pedirei que me ames.
Tampouco que
compreendas meu amor.
Pois um amor
que necessita ser compreendido,
não merece
ser vivido.
Deste dia em
diante
saberás continuas
sozinha
e que eu
continuo sozinho.
Como sempre estivemos, em verdade.
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