Casebres caiados
banhados pela luz morredoura
de um sol que se dilui no horizonte.
Crianças correndo
pela rua poeirenta
despreocupadas da vida.
Pés descalços,
cabelos desgrenhados,
despedidas dos dentes-de-leite.
Umas poucas peças de roupa
balançam molemente
num varal frouxo, ao fundo do quintal.
Nas cozinhas, as mães catam o feijão
pensando no custo de vida
e na novela das nove.
Um som distante, quase inaudível,
anuncia fim de expediente
na fábrica distante.
Um suarento vendedor de picolés
passa pela vila com seu carrinho,
acionando a buzina rouca e melancólica.
Em pouco tempo um exército de pais
surge lá no início da rua,
carregando cansaço e esperanças.
Num instante pais, mães e crianças
estão em torno à mesa
com suas histórias do dia.
Um jantarzinho singelo
aquece os estômagos e os corações.
Em seguida um cafezinho, à guisa de sobremesa.
Quando todos apoiam as cabeças,
enfim, sobre seus travesseiros,
ninguém tem dúvidas do que seja a felicidade.
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