Um sem número de palavras
enferrujando em minha mente
e eu preocupado com as contas a pagar.
Essa vida custa-me tantos sacrifícios.
Quantos versos natimortos assim que o telefone toca!
Tantas inspirações perdidas, em meio às iminências
do homem inflexível em que me venho transformando.
Quedo-me vencido.
Mão posta ao queixo, a mente viajando
no universo de mil sílabas que já não se juntam
para simplesmente dizer, ao final, o meu não-dizer.
Ia escrever sobre o amor ou sobre outras sentimentalidades.
A mão, subitamente deixa o teclado e corre ao bolso vazio.
Lembrança intermitente - e irritante - de compromissos próximos.
Pronto, está perdido o verso.
Adiemos o amor e coloquemos comida no prato.
Suspendamos temporariamente o sentimentalismo
e tratemos de encher a geladeira.
Afinal, chegou o fim do mês e o salário ficou lá para trás.
Mas a vida tem urgências pouco poéticas.
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