Meu tolo coração,
depois de décadas acreditando
que o amor fosse porto seguro
descobri-o mar revolto, indômito.
No cais sombrio em que ancorei
minhas mais sinceras esperanças,
um vento gélido e úmido
todos os dias balança minha nau vazia.
E o quebrar violento das ondas
que se arrebentam nas pedras do ancoradouro
é metáfora a dizer sobre tantos golpes
sofridos e ressofridos por esta alma incorrigível.
Por que não naufraga logo, alma minha,
no oceano tétrico diante de ti?
Tudo isso é medo de encontrar os cadáveres
dos desejos que sucumbiram sem ver a margem?